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     Ontem, 23/05/2012, o caderno Equilíbrio e Saúde do jornal Folha de São Paulo trouxe uma reportagem sobre o uso do hormônio do crescimento, entre outras substâncias, para retardar o envelhecimento. Vale a pena ler.

       A Sociedade Brasileira de Geriatria está prezando pela segurança. Os efeitos desejáveis do Hormônio do Crescimento vêm acompanhados por vários efeitos colaterais e riscos à saúde quando não for bem indicado.

     Defendo o uso responsável deste hormônio, que vem, cada vez mais, tornando-se habitual entre atletas olímpicos e frequentadores de academia, todos em busca de maior massa muscular, queima de gordura e melhora do desempenho.

     Para quem precisa crescer e se encaixa nas indicações, ÓTIMO! É uma medicação segura e com poucos efeitos colaterais. Crianças e adolescentes baixos, que vêm crescendo pouco, meninas com Síndrome de Turner, crianças nascidas pequenas para a idade gestacional, entre algumas outras indicações, encontram no Hormônio do Crescimento a melhor, senão única, opção.

     Manter-se jovem para sempre não está entre estas indicações. As pessoas têm que se cuidar, serem vaidosas, mas sem arriscar a saúde.

   É importante alertar que o tratamento com hormônio do crescimento para tratar baixa estatura é exclusivamente injetável, por via subcutânea, todos os dias, à noite (que é o período em que produzimos este hormônio).

    Pomadas, gel, sprays e comprimidos não têm qualquer ação sobre o crescimento, mesmo que tragam no rótulo composição com GH (Hormônio do Crescimento) ou IGF-I.

    É necessário trocar sempre o local de aplicação no corpo (rodízio) e descartar seringas e agulhas em recipientes seguros.

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     Passadas duas semanas, vimos o quão controversa  e questionada foi esta capa e a reportagem. Lamentei muito a maneira como assuntos tão importantes foram abordados. Gostaria que tivesse sido informativo, que ficasse um alerta: “Pais, observem seus filhos e, se notarem que crescem pouco, procurem auxílio médico”. Ou ainda: “Há idade mínima para que a criança entre em puberdade; se notar que está ocorrendo antes dos 8 anos na menina ou 9 anos no menino, busque ajuda médica”. Pronto. Bastaria e ajudaria muuuito.

    Lá nos meus primeiros posts, comento que podemos ajudar a melhorar a estatura final de crianças e adolescentes que tiverem alterações tratáveis e com tempo hábil para isto. Não há receita mágica. Para quem já terminou o crescimento com fechamento das cartilagens de crescimento, mudemos de assunto (com exceção de alterações genéticas que possam ter intervenção nas gerações futuras, como falta de ação do hormônio do crescimento, por exemplo).  Vamos valorizar outros aspectos, identificar as potencialidades. No momento mundial antibullying, continuo achando que cada um tem que descobrir seu próprio potencial, ainda que não seja ser modelo de passarela. 

    Há tantas áreas do conhecimento a serem exploradas, tantas funções a serem exercidas que não têm estatura como critério de seleção… Acho, mesmo, que nosso maior concorrente devemos ser nós mesmos: sermos melhores hoje do que fomos ontem.

   Um abraço.

 Aproveito a entrada do outono para comentar sobre uma das causas de baixa estatura: o uso crônico de corticóides. Diferentes doenças têm como tratamento este tipo de medicação, como asma, bronquiolite, alergias de pele, lupus, artrite reumatóide, doenças renais como glomerulonefrite, entre outras.

     Os corticóides reduzem a produção e a ação de IGF-I, substância que promove o crescimento. O IGF-I é produzido localmente nos ossos e também no fígado. Por isso, doenças do fígado tem potencial de prejudicar a estatura.

     Dependendo da avaliação da velocidade de crescimento, idade óssea e previsão de estatura final, estas crianças e adolescentes que necessitam de corticóide por períodos prolongados podem se beneficiar do tratamento com hormônio do crescimento, mantendo a doença de base controlada e melhorando a estatura. 

     A Síndrome de Turner é uma alteração genética, com perda de um dos cromossomos sexuais, que afeta 1 em cada 2500 a 3000 meninas nascidas vivas. Pode ter características físicas típicas ou cursar apenas com baixa estatura. A figura abaixo representa um resumo das possíveis alterações.

     Para estas meninas, a indicação do tratamento com Hormônio do Crescimento é formal e custeada pelo governo. O tratamento precoce melhora  a previsão de estatura final destas crianças.

Como havíamos adiantado no post anterior, há situações em que a criança tem quantidades normais ou até elevadas do hormônio do crescimento e, apesar disto,  esta criança permanece baixa. Uma das explicações para que isto ocorra é um defeito no receptor do hormônio – é como se fosse uma fechadura com defeito para uma chave boa. Esta condição é classicamente conhecida como Síndrome de Laron. Entretanto, há graus variados de insensibilidade ao hormônio do crescimento que, muitas vezes, fica sem diagnóstico.

     Outra possibilidade é que a molécula de hormônio produzida seja “defeituosa”, não conseguindo atuar nos receptores bons. Crianças e adolescentes com esta alteração respondem muito bem ao tratamento com o hormônio de crescimento recombinante (produzido em laboratório).

     Desta forma, é necessário que hormônio e receptor funcionem perfeitamente para um adequado crescimento.

E como saber se não é isso que ocorre comigo ou na minha família?

O conjunto de informações – velocidade de crescimento, idade óssea, puberdade – podem sugerir se os exames hormonais que tiveram resultados normais ou elevados podem ter outra interpretação. A avaliação e o seguimento destes pacientes podem fazer com que se indique tratamento para estes indivíduos, apesar dos valores maiores de hormônio do crescimento.

Tratamento (2)

     Continuando a falar sobre o tratamento…

     A avaliação do resultado do tratamento é feita pela velocidade de crescimento após o início da medicação (que deve aumentar significativamente e ocorre, principalmente, no primeiro ano de tratamento). A dosagem de IGF-I também é outro marcador do resultado do tratamento e é útil para o ajuste da dose do hormônio de crescimento, já que há sensibilidade diferente de cada indivíduo.

    Os efeitos colaterais são raros quando na dose adequada e podem incluir dor de cabeça intensa e dor no quadril, sinais de alerta para procurar o médico que prescreveu a medicação. 

     É importante que, quando iniciado, o tratamento seja feito o mais regularmente possível para que se possa obter o melhor resultado. Embora seja injetável, há dispositivos de aplicação que escondem a agulha e facilitam a aplicação, o que melhora a aceitação por parte da criança ou adolescente.

     O tempo de tratamento dependerá da velocidade de crescimento e da idade óssea. Recomenda-se que o tratamento seja interrompido quando a velocidade de crescimento for menor do que 2cm por ano, em geral, com idade óssea de 14 anos na menina e 16 anos no menino.

     Alguns autores propõem que o tratamento deva ser mantido até aproximadamente dois anos após o fechamento da cartilagem de crescimento, para que se complete o efeito metabólico do GH, como o ganho de massa óssea. 

     Segundo as Diretrizes da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina, nos pacientes com deficit do hormônio do crescimento de causa desconhecida, 1 a 3 meses após suspensão do uso do hormônio, a secreção deve ser retestada por meio do teste de tolerância à insulina, o mesmo utilizado para indicar o início do tratamento. O resultado pode indicar a necessidade de dar continuidade ao tratamento. Pacientes com causas genéticas ou orgânicas bem estabelecidas de deficiência do hormônio do crescimento na infância podem passar do tratamento da infância/adolescência para o da fase adulta sem necessidade de reteste.

Por curiosidade, Lionel Messi tinha deficiência do hormônio de crescimento. Iniciou tratamento aos 11 anos.

 E hoje, tratado, com 169 cm.

     Isto, na verdade, é uma mostra de que não precisa ser tão alto para ser bom, muito bom!

Para quem quiser saber mais sobre isto, ele mesmo conta em seu site oficial (http://www.leomessi.com)

 Entretanto, há casos em que não se consegue documentar a falta de hormônio. Há casos de indivíduos que não crescem adequadamente e tem excesso do hormônio do crescimento. Aguardem o próximo post. Até lá!

     O tratamento da baixa estatura com hormônio do crescimento tem as seguintes indicações estabelecidas:

  1. Deficiência do Hormônio do Crescimento
  2. Síndrome de Turner (quando falta um dos cromossomos sexuais, levando a baixa estatura acentuada)
  3. Insuficiência Renal Crônica
  4. Crianças nascidas pequenas para a idade gestacional
  5. Síndrome de Prader-Willi

     Outras indicações não-clássicas englobam baixa estatura idiopática, uso prolongado de corticóide, Síndrome de Noonan, entre outras situações.

     A medicação é administrada por via subcutânea, diariamente, à noite (que é quando produzimos o hormônio). Isto significa que cremes, gel, comprimidos sublinguais e sprays nasais que dizem conter hormônio de crescimento NÃO funcionam para este fim.

 Aliás, aproveito para fazer prevenção de acidentes. Comprimidos e confeitos, como os abaixo, são bem parecidos. É melhor deixar tudo fora do alcance das crianças.

O mais importante é que a indicação de tratamento seja bem feita e respaldada em dados da própria criança e da família. 

No próximo post, tem mais.

Abraços!

 

    A revista Veja desta semana (capa abaixo) traz, nas páginas amarelas, entrevista com Rosalind Wiseman, especialista no assunto bullying. Vale a pena ler. Ela diz que os pais, muitas vezes, são cúmplices deste ato, omitindo a orientação adequada, tanto para agressor quanto para a vítima. É extremamente importante que se discuta e se mude esta situação.

 

 Por outro lado, há outras coisas a serem feitas. Obesidade, principalmente, é uma causa corrigível de bullying. Entretanto, muitos pais, obesos também, perpetuam o excesso de peso na família. A baixa estatura também merece atenção. “Baixinho e pintor de rodapé” ,entre outros apelidos, podem chamar a atenção para algo que não vai bem.

    A criança pode ser baixa porque tem família baixa. Mas quando a família é baixa demais (às vezes, mais da metade do canal familiar está na área de baixa estatura), é preciso investigar todos. Há alterações que se manifestam com menor crescimento que podem ser compensadas com tratamento enquanto houver tempo hábil para crescer. E esta investigação muitas vezes não ocorre, ou ocorre tardiamente, quando a idade óssea já está próxima da adulta.

    Fica o alerta, para tentarmos melhorar a saúde e a autoestima das próximas gerações.

Se, devido à baixa estatura e/ou redução da velocidade de crescimento, tivermos solicitado dosagem de IGF-I (somatomedina) e o resultado for baixo (de acordo com os valores normais fornecidos pelo fabricante do exame), passamos à próxima etapa da investigação.

O hormônio de crescimento é secretado pela glândula hipófise durante o sono, à noite. Essa secreção é pulsátil, como mostra a figura abaixo.

Deste modo, na investigação de baixa estatura, a dosagem do hormônio do crescimento (GH) basal (sem estímulo) de manhã nada informa, já que espera-se que os níveis sejam reduzidos neste horário.

Para podermos dosar o GH durante o dia, é necessário que seja feito um estímulo para sua liberação. Há medicações que liberam o hormônio do crescimento de forma aguda (insulina, L-dopa, Glucagon, Clonidina). Após a administração de uma desta s medicações, colhemos sangue a cada 30 minutos (deixamos a veia pega desde o início), durante um período de 2  a 3 horas. Neste sangue será dosada a concentração do hormônio que a criança ou adolescente tem.

Este resultado, associado às demais informações (velocidade de crescimento,  idade óssea, estatura dos pais, antecedentes da criança), permitirão a decisão por tratar com hormônio do crescimento ou não.

 

Crescendo sempre

Continuando, então…

A partir dos 2 anos, o crescimento deve ser entre 4 e 7 cm ao ano. Notamos que a criança cresce se ela perde roupas, se troca o número do sapato e comparando-a com as demais crianças.  A VELOCIDADE DE CRESCIMENTO é mais IMPORTANTE do que qualquer exame sofisticado e serve de parâmetro para poder indicar os exames.Caso haja desaceleração do crescimento e/ou baixa estatura já instalada (estatura abaixo do percentil 3), como na figura abaixo , a primeira conduta é afastar causas gerais como desnutrição, doenças ósseas, doenças crônicas como anemia e outras que citei no post anterior, para só então investir na investigação da deficiência do hormônio do crescimento.

Em casos como este,  afastadas outras causas de baixa estatura, a investigação inclui dosagem de hormônio tireoideano (TSH e T4 livre) e raio-X da mão e punho para idade óssea (como na foto de postagem anterior). Além disso, a dosagem de IGF-I (ou somatomedina) representa o início da avaliação da produção e ação do hormônio do crescimento, já que este hormônio estimula a produção do IGF-I pelo fígado, como mostra o esquema abaixo.

No próximo post, continuaremos a conversar mais sobre crescimento. Até breve.